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"Jovem Tem que pensar"

"Jovem Tem que pensar"

NÃO CUSTA SONHAR

 

Marcionei Miguel da Silva

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

 

                A vida não para de inovar no ritmo dos desafios, que sempre se renovam num mundo que nos mostra perspectivas surpreendentes. Não custa sonhar. Sonhar não dói, não é pecado, não afronta a vida religiosa e nem humilha os mais pobres. Sonhar é um direito humano, uma dádiva feita de gratuidade e uma oportunidade para colocar à prova as nossas capacidades intelectuais, afetivas, organizativas e relacionais. Quando sonhamos comparamos o que temos com aquilo que já foi feito e nos propomos fazer diferente. O sonho é pessoal, não dá pra plagiar e sempre tem algo a dizer. Contudo, a frase de Dom Helder continua nos inspirando: “Sonho que se sonha só é apenas um sonho, sonho que se sonha junto é transformação, libertação” (o sentido é esse). Há um olhar visionário sobre aquilo que virá. Quase sempre o sonho é um olhar sobre a história que se joga no presente e se projeta de maneira um “pouquinho” diferente. Não é algo fora daquilo que é próprio do humano. Quando estamos mergulhados numa realidade paradisíaca, sonhamos em tirar as pessoas da miséria (mas isso é só para os profetas); quando estamos na miséria, sonhamos com um lugar paradisíaco, sem perder o senso de justiça. Queremos “salvar o mundo”, e ponto final. O sonho pra ser sonho precisa ser exagerado, ou não é sonho. Não se pode dizer que um sonho seja algo fácil feito de realidades postas em nosso cotidiano. Ele arranca de nossa realidade o que ainda não está posto, nos faz querer o que está distante, o que não é compreendido, amado ou valorizado e nos voar para horizontes protagonistas. De outro lado, o sonho pode ser exatamente o inverso na complexidade de sua identidade. Essa é a novidade do sonho: ele pode surpreender sempre, a cada momento. Temos muito pra fazer, por isso pede-se para que não se deixe para o dia de amanhã a fruta que pode ser colhida hoje. A vida, como já foi dito, corre veloz. Ou fazemos hoje as perspectivas de nossos sonhos ou eles se vão, perdem o brilho e deixam de ser considerados em nossas manhãs de primavera. As pessoas também se vão e tudo pode chegar ao fim e os sonhos deixam de virar realidade, morrendo na esteira de nossa covardia. Não dá para comparar talento e medir pela capacidade produtiva, e nem dizer que o nosso talento é bom ou ruim, superior ou inferior. Temos esse talento e precisamos mostrar a nós mesmos, em primeiro lugar, tudo o que temos. É uma forma de agradecer a Deus o dom que recebemos. Alguém tem que acreditar em nós, cantar conosco e vibrar com as nossas emoções. Não há tempo para medir todo o nosso potencial sem arriscar nada. Na realidade a nossa força é a nossa poesia que se faz estrada para resgatar as pessoas na sua totalidade. Vivemos com grandes expectativas, somos feito de afetos, sentimentos e razão sem nos arrogar o direito de nos perder na pobreza de nossa humanidade pecadora. Olhemos para dentro de nosso coração para tirar do peito o que há de melhor, o que há de mais maduro e qualificado. Somos feito de esperança e temos um compromisso inadiável com a fragilidade humana no resgate das vidas perdidas no horizonte da humilhação.

                Sonhar é o primeiro passo na descoberta do talento que ainda dorme em nosso coração. Não há talento pronto, estrada sem ponto final ou mar sem margem. É importante descobrir do que somos capazes e colocar esses dons a serviço de outrem. Talento é graça que recebemos de Deus e, ao mesmo tempo, suor que se desprende de nossa teimosia, até mesmo durante os esperados dias de férias. A partir do sonho descobrimos nossos talentos. Uma realidade puxa outra. Quando sonhamos visualizamos uma realidade e começamos a trabalhar para que ela se torne realidade. Depois disso começamos a ter presente os meios para que tudo seja concretizado. Enquanto trabalhamos, o sonho ganha vida no eco da eternidade. Nessa perspectiva, o sonho deixa de ser sonho e torna-se uma realidade espiritual. A partir desse olhar montamos nossos esquemas levando em consideração a realidade à nossa volta a partir das pessoas que apresentam condições para contribuir na construção de uma realidade transformadora e duradoura. Um sonho gera trabalho, perseverança, retomada, apoio e investimento. Quando bem trabalhado comove multidões arrastando curiosos e teimosos. Um sonho não é compreendido na ótica egoísta, tampouco se apresenta completo quando se reduz àquele que sonha. É próprio de seu universo ser página de alegria a outros. O sonho é um bem à humanidade. Se assim não fosse, seria um pesadelo. Quando vemos no sonho do outro a espontaneidade da serena alegria que engrandece nosso próprio coração, nos sentimos comovidos e nos empenhamos para que ele não morra na beira da praia. Os nossos sonhos ficam cada vez mais bonitos quando permitem a interatividade de outras pessoas que querem trabalhar para a realização de nossos sonhos. Se o nosso sonho está a serviço de outras pessoas, elas saberão ser generosas colocando-se ao nosso lado na certeza de que o bem será feito com qualidade e grandiosidade.

                Não é aconselhável limitar-se ao próprio talento. Há pessoas com “talento de solidariedade”, ou seja, talento que enriquece os talentos criativos e originais dos utopistas de plantão. Em si mesmo, sem a solidariedade dos generosos, alguns talentos passariam despercebidos, mas com a ajuda dos “talentos solidários” os talentos originais ganham visibilidade e notoriedade. Se a vida vai bem é porque tem muita gente trabalhando para que tudo corra muito bem. Se a vida vai mal, é porque o individualismo, a inveja e o preconceito se impuseram de maneira impositiva e autoritária. Claro que os problemas não se resumem a isto, mas não se pode dizer que essa atitude de fechamento seja amiga das soluções.  

                Não custa sonhar. Quem sonha ama mais, descobre o sentido da vida, abre os olhos ao futuro e valoriza o passado. Vivemos momentos de grande transformação interior, buscamos uma mística renovada e não deixamos a felicidade se perder de vista. Temos pressa para a concretização do bem. Nesses tempos de vida nova, o que podemos fazer para que o mundo ganhe mais notoriedade nas praças da liberdade? O que podemos fazer para que as crianças não se percam, os jovens não sejam exterminados e a Igreja seja cada vez mais profética e missionária? O que fazer? Temos perguntas e respostas prontas, mas nos faltam o diálogo e a diplomacia. Além do mais, falta metodologia, criatividade, inculturação, busca da verdade e diálogo a partir de um paradigma que nos dê segurança. A vida tem prioridade, o ser humano predileção, o amor passagem gratuita e a fé passaporte para a eternidade. Por que perder a esperança? Por que deixar de acreditar em nossos irmãos ainda não amados? Por que deixar a vida ficar esvaziada de sentido? O lema da Assembléia Nacional da Juventude em 2011 (São Luis do Maranhão) é a frase dita pelo Pe. Gisley, assassinado em Brasília: “Vamos juntos gritar, girar o mundo, chega de violência e extermínio de jovens”. A frase começa com uma ação coletiva e bíblica “vamos juntos” (povo de Deus), nos faz lembrar o Concílio Vaticano II (Comunhão e Participação) e prossegue com um verbo desesperado que nos fala de urgência “gritar”. A fala não está sendo suficiente. Que tipo de grito é escutado nos dias de hoje? O “grito” deve ser feito com a voz, o corpo, o olhar, as palavras, a oração, os encontros, as músicas, as marchas, os tambores, os estudos, o trabalho e o silêncio. Há muitas formas de “gritar”. É muito importante ter presente a dimensão da unidade na coletividade. Num segundo momento a frase fala de um sonho: “girar o mundo”. Esse é o nosso sonho, girar a violência, ou seja, tirá-la do cenário de nossa sociedade a partir de propostas significativas, transformadoras, proféticas e inovadoras. Quando você gira o mundo outra porta se abre, outro mundo se mostra e outra verdade se agiganta (“aqui um outro mundo é possível se a gente quiser e fizer” – Fórum Social Mundial). Mas o nosso mundo é muito pesado. Ninguém é capaz de girar o mundo sozinho. É preciso uma fileira gigantesca de gente para “girar o mundo”. O mundo vai ser girado com o nosso grito. Depois dos sonhos, que é girar o mundo, a frase explica o chão onde o sonho nasceu: “chega de violência”. Há uma clara referência ao cenário da violência que traz dor, morte, tristeza e desolação. Há vidas sendo ceifadas de forma dramática em cenários de inocência. Essa violência está batendo à porta de nossos jovens. Fala-se de extermínio da juventude. Dói ouvir essa palavra tão devastadora e dizimadora de utopia. A juventude apresenta-se como lugar teológico e esperança de transformação em nossa sociedade a partir de sua utopia. Ela desperta em nosso coração a conversão e nos faz ver o mundo de um modo completamente profético, missionário e transformador. Onde está nossa vida? Onde estão os nossos sonhos e a nossa vontade de ser feliz? Sem dúvida é onde paira o amor de Deus que paira a nossa esperança. Como destruir e exterminar a juventude se ela é um lugar teológico que nos fala do amor de Deus com seu jeito de ser e de viver? Chega de extermínio de jovens porque Deus é amor. Onde está o jovem ali se percebe claramente o amor de Deus. Exterminar os jovens é exterminar um lugar expressivo da manifestação do amor de Deus. Deixemos o nosso coração pulsar de alegria pela conquista da paz e da indignação pela indiferença diante da vida. Só o amor salvará o Reino de Deus. Não custa sonhar.     

 

 

"O amor não tem fronteira, a paz não tem cor, mas a fome tem rosto. Seja solidário, partilhe seu pão".
   Pe. Marcionei

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A História e Organização da Pastoral da Juventude - Carmem L. Teixeira

"O jovem é o melhor apóstolo do próprio jovem "Paulo VI)

Conhecer a história da Pastoral da Juventude?

Quando conhecemos uma pessoa, queremos saber algumas informações sobre ela para saber se pode ser, ou não, nossa amiga. Quando ficamos sabendo de uma organização, é a mesma coisa; precisamos saber como surgiu e para quê, para sabermos, assim, como talvez possamos continuar este projeto.

A Pastoral da Juventude nasce quando você entra para o grupo de jovens. O grupo de jovens é o ponto de partida desta história. Ele é o ponto de partida, se não for um grupo isolado. Pastoral da Juventude é a teia que une os grupos de jovens de uma cidade, de uma região, de uma diocese ou do Brasil e, ainda, de toda América Latina Podemos dizer que é uma articulação. Articulados como os membros do nosso corpo: diferentes, mas integrados.

Esta rede tem pontos em todas as cidades; é do tamanho da América Latina e está funcionando, mais efetivamente, desde o começo dos anos de 1980. Existem encontros, assembléias, reuniões e outras formas de o pessoal se encontrar para decidir coisas que ajudem na evangelização da juventude. Elaboram-se, até, “planos” e “atividades” para que todos os grupos do Brasil possam participar da mesma caminhada, o que é muito bonito. É algo grandioso, porque é feito por jovens. Os jovens, através de coordenações, vão decidindo o que é melhor para o caminho e contam com a ajuda de pessoas adultas, chamadas “assessores/as”. São pessoas, que vão ajudando, questionando e trabalhando a formação. Acompanham os jovens e os grupos de jovens no caminho para que estes possam ser sempre mais protagonistas de sua história.

 

No final dos anos 1970 alguns jovens, animados/as por bispos, padres, leigos/as começaram a organizar os grupos de jovens em uma proposta conjunta de pastoral. Muita gente foi organizando e tecendo essa teia da história da Pastoral da Juventude no Brasil: jovens que , muitas vezes, passaram pelas coordenações e outro tanto de adultos que prestaram o serviço da assessoria.. Uma pastoral dos jovens e para os jovens. Em 1992, depois de conseguirem 500 mil assinaturas, os jovens conseguiram que a Campanha da Fraternidade tivesse o jovem como tema. Nada foi fácil e, por isto, esta história é carregada de sabor. Aliás, em que ano você entrou para o grupo? Como você pode continuar esta história?

Este é um jeito de fazer a evangelização da juventude. Ao longo da história da Igreja temos muitas outras experiências. Vocês já viram falar dos “movimentos”? Temos alguns ligados às Congregações tais como: Franciscanos (JUFRA), Jesuítas (CVX), Dorotéias, Salesianos, Dehonianos... entre tantos. Outros são ligados a movimentos ou associações diferentes. Uns deles são a Juventude Operária Católica – JOC, os Focolares (GEN), os Vicentinos, a Renovação Carismática Católica (RCC), o Segue-me, o Emaús e outros ligados, principalmente, a encontros de casais.

Estas propostas são diferentes para o trabalho com os jovens. Os “movimentos”, normalmente, dão um acento maior para uma espiritualidade ligada ao carisma de origem e tem uma organização nacional e internacional, ligados a uma Congregação ou a um Movimento. A Pastoral da Juventude dá um acento maior ao protagonismo dos jovens e na formação integral e tem sua organização ligada a uma diocese e às estruturas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Como se organiza esta Pastoral da Juventude?

Ela, a Pastoral da Juventude, é uma rede com fios de muitas cores. Em primeiro lugar, vêm os grupos que se organizam no ambiente da comunidade, do bairro, na zona rural ou nas escolas e universidades. Os jovens que participam dos grupos procuram cuidar da sua formação como um todo. Chamamos esta formação de “integral” porque está atenta à vida das pessoas em todos os aspectos: pessoais, grupais, sociais e políticos, espiritual e, também, das habilidades que cada pessoa precisa desenvolver em grupo e pessoalmente.

Podemos ter uma coordenação que reúne representantes de todos os grupos de jovens de um município; uma organização na região, em nível de diocese, em nível de Regional da CNBB , em nível de país e de América Latina. A “Pastoral da Juventude” é a articulação entre todas as instâncias; é um ir e vir do grupo às coordenações e das coordenações ao grupo.

Para você ter uma idéia, em julho de 2004 acontecerá a 14a Assembléia Nacional das Pastorais de Juventude organizadas no Brasil. Estas Assembléias se reúnem de 3 em 3 anos., definindo o Plano Trienal. O Plano Trienal está sendo organizado desde 1995 com três eixos:

  • Ação: Um exemplo é o Dia Nacional da Juventude que celebramos, desde 1986, em todo Brasil. Seu tema e lema são encaminhados pela coordenação nacional. Outros exemplos são a Semana da Cidadania e a Semana do Estudante... tendo-se trabalhado, nos últimos tempos, o tema das Políticas Públicas para a Juventude;

  • Formação: Trata da capacitação dos jovens, das coordenações e das assessorias, especialmente através de Escolas de lideranças, procurando partir-se das necessidades e dos interesses dos jovens;

  • Espiritualidade: Aqui falamos de modo muito especial das Escolas bíblicas e litúrgicas, da valorização do Ofício Divino das Comunidades e da Leitura Orante da Bíblia, bem como na necessidade de trabalhar a mística do estudante, do jovem da roça e do jovem trabalhador.

A Pastoral da Juventude existe porque os jovens convocam novos grupos e propõem milhares de atividades como: teatro, esportes, orações, encontros, campanhas, visitas, intercâmbios, cursos pré-universitários, formação de grêmios estudantis, luta pela primeira terra, participação das lutas pela Reforma Agrária, colaboração no “Grito dos Excluídos” e do Mutirão de Superação da Miséria e da Fome, entre tantas outras coisas.

A Pastoral da Juventude começa quando os jovens de uma paróquia ou diocese, escola ou universidade decidem tecer juntos os programas e as atividades que vão desenvolver com os grupos e quando formam as coordenações jovens e as equipes de assessores/as (adultos com conhecimento da proposta e dispostos a favorecer o protagonismo juvenil).

Qual é o objetivo da Pastoral da Juventude?

O grande objetivo é despertar os/as jovens para a PESSOA e a PROPOSTA de Jesus Cristo, desenvolvendo com eles um processo global de formação a partir da fé para formar líderes capacitados/as para agirem na comunidade, na própria Pastoral da Juventude e em outros ministérios da Igreja, nos diferentes meios como a escola, a universidade e a zona rural, comprometidos/as com a libertação integral da pessoa e da sociedade, levando uma vida em comunhão e participação (Doc. 76 – CNBB).

Falando disso, o que você e seus amigos/as podem fazer para que a Pastoral da Juventude da paróquia, da diocese... escreva histórias sempre mais bonitas na vida dos adolescentes e jovens que passam por esta Pastoral?

[Por Carmem Lucia Teixeira - Setor de Pesquisa da Casa da Juventude – abril de 2004]